quinta-feira, 19 de junho de 2008

A solidão completa: ausência de amigos, de vínculos, de bens materias, poucos documentos a mão: quase nada ficou!

Não saberia definir o limite entre o que teria sido escolha e o que teria vindo por imposíção da vida, do destino ou seja lá, o que rege este universo!

O fato é que estou só! Tão completamente, que já não sei mais nem o que restou por dentro. Não há mais expectativas, desejos, esperanças...Se questionada há 2 anos atrás sobre uma pessoa viver sem desejos, afirmaria convicta: - Impossível!

A vida nos prepara surpresas..!

E é delas que agora fujo com minhas ausências. "Vínculos são armadilhas!" nunca me esquecerei desta frase de Juliete Binoche em a Liberdade é Azul.

Nunca me esquecerei da sensação de impotência e fragilidade absurdos diante daquela porta de "Raio X". Não desejaria ao pior inimigo aquela angústia tão fora de medida que supera ao desepero e lhe transporta ao seu pior abismo interno.

Tudo o que vejo ao relembrar aquela cena é a porta...enorme...dura...fechada...sem travas..intransponível. Não que não pudesse simplesmente girar a maçaneta e entrar: o meu maior desepero naquele momento. Mas porque entrar poderia representar a vida ou morte. A verdade ou a esperança. Passados 1,5 ano acho que na verdade eu não queria entrar, queria ver sair dali minha mãe viva! Coisa que nunca mais veria!

Minha mãe...minah vida continua ali..diante daquela porta...e eu não sei mais como dar um passo, porque não quero ver...

domingo, 8 de junho de 2008

PARTINDO DO COMEÇO...

A idéia deste blog é tão antiga quanto " o início do fim do que ainda tinha restado de mim"!


Sempre escrevi desde que me entendo por gente ou pelo menos sempre quis. Essa é daquelas histórias que a gente sempre conta pra quem é mais próximo:


Nasci querendo entender o que aqueles símbolos ao lado de imagens significavam...sim sempre vi letras e palavras como símbolos : a princío indecifráveis!


Coninuo afirmando após 32 anos de ínúmeros desejos, vontades maiores, menores, realizáveis ou irrealizáveis ainda...que esse foi o meu maior desejo até hoje! Desejei ardentemente ler...e por consequência escrever.


Fui daquelas crianças que aprendem a "desenhar" letras : por copismo mesmo! E ficava horas e tempos tentando misturá-las em todas as combinações possíveis na tentativa de transformá-las em qualquer coisa coerente...Meu maior sonho: transformar letras em palavras!


Lembro-me disto com a clareza com que me lembro deste último paragráfo escrito! Tinha no máximo 3 anos...Minha mãe no "auge" da boa vontade com o quê ela deveria imaginar ser mais uma mania de repetição que crianças dessa idade têm....limitava-se a um único comentário, quando eu no 20ª vez ao dia levava até ela meu caderninho, tão amado, ganho a tanto custo da insistência - Não! Não há nada escrito aí! Assim seco, direto! Sem dó, sem complacência...


Ah! Minha mãe sempre minha mãe...mal sabia eu..que não nos entenderíamos nunca!



Mas eu não desistiria...por nada..1000 vezes me dissem não haver nada escrito...1000 vezes a decepção ...a dor de tanto trabalho sem frutos, em 1000 novas tentativas aquilo se transformaria...Ah!..O amor essa coisa inexplicavél... a obscessão que ela gera quando não correspondido..!


E assim foi...entrei na escola antes do tempo, claro! Naquela época o certo era eu esperar completar 6 anos e entrar no pré...entrei com os "recém" 5, "já" alcançados mesmo...e mais uma decepção...logo no início esperei as palavras...elas finalmente viriam...via na figura da minha amada professora Raquel a portadora do passaporte que me levaria ao meu destino tão almejado. Era aquelo anjo de cabelos escuros, a figura do adulto que finalmente teria a paciência de me desvendar o mistério da combinação dos símbolos! Nunca mais dependeria das migalhas das leituras tanto implorada a qualquer um que passasse com livro perto de mim...!


O "pré" não era alfabetizado...escola pública ...Minha professora sugeriu à minha mãe que me mudasse de escola. Bom não preciso dizer não é? Tive que esperar a 1ª série...! Mas até aí...eu já lia nomes de concessionarias, de supermercados nas ruas...aprendia a escrever meu nome e o que eu chamava de "nomes" das letras...enfim...me virei como pude...!


Lembrar-me de como pude desejar tanto alguma coisa me emociona..profundamente! E eis aqui a explicação prometida acima. Não tenho mais idéia de onde possa ter ido parar o "arquivo" de desejos dentro de mim...


Não desejo nem mornamente, mais nada! O que teria acontecido com aquela menininha esperta...doce na sua teimosia? Que até algum tempo trazia comigo, protegida do mundo lá fora..vivendo escondida nos meus porões da sensibildiade! A salvo dos olhos "adultos" que quase sempre a viam com olhos ruins...